segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Circular do Diretor geral em nove dias



O ORIONITA SACERDOTE
Unidade de vocação e especificidade de ministério

Sétimo dia: Os três aspectos do serviço do ministério sacerdotal na vida religiosa
Por todos é sabido que o nosso Instituto è qualificado como clerical porque “segundo a finalidade e o projeto pretendido pelo Fundador, e em força da legítima tradição, é governado por clérigos, assume o exercício das ordens sagradas e, come tal, é reconhecido pela autoridade da Igreja” (cf. CJC 588 §2).

O fato que a nossa Congregação seja “clerical” implica em que seja reservado aos religiosos sacerdotes o serviço da autoridade, [É um tema controvertido e uma Comissão da Santa Sé foi instituída para buscar uma solução; cf. Vita consacrata 60 e 61. Por agora, o acesso de religiosos irmãos ao serviço de superior é autorizado como exceção pessoal desde que bem motivada. Nos últimos anos, na Congregação tivemos vários irmãos “vigários” de comunidades e um também “superior”.] mas há dois outros tipos de serviço que os religiosos sacerdotes são chamados a prestar “segundo a finalidade ou o projeto pretendido pelo Fundador”: um em referência à comunidade e um em referência ao apostolado. Eles são chamados a ser “ministros de Deus, ardentes de zelo pelas almas… tanto as da comunidade, nas quais precederão a todos com o exemplo de uma vida religiosa coerente, como de quantos o Senhor confiar aos nossos cuidados, aos quais distribuirão o pão da Palavra e da Eucaristia” (Const 55).

Além disso, nós orionitas sacerdotes devemos recordar que este ministério sacerdotal ad intra (em favor da comunidade e das obras) não é tudo; está em relação com o fim último ad extra, isto é, com a missão apostólica no horizonte eclesial-papalino de Instaurare omnia in Christo, fim último da comunidade religiosa e das obras de caridade. [Um pároco e uma paróquia orionita têm também por finalidade a mesma e única obra determinada (finalidade) como todas as obras (meios) da Congregação. Ver a Circular Que tipo de amor ao Papa? In Atti e comunicazioni 2005, n.216, p.3-15.].

Dom Orione, no famoso texto destinado ao Bispo Dom Bandi para responder às objeções sobre a "universalidade no exercício das obras de misericórdia” e sobre as “exageradas incumbências que se propunha assumir a Obra da Divina Providência”, afirmou categoricamente que “ela tem uma única e bem determinada finalidade, que se propõe, e, quanto a si mesma, não se propõe nenhuma outra, e essa obra é a santificação de seus membros, dos quais o Instituto se compõe, com o intuito de introduzir no povo cristão um dulcíssimo amor ao Santo Padre” (Scritti 72, 185). Isto é, na Congregação o ministério sacerdotal, como todos os demais ministérios da caridade [Costumamos resumir as muitas obras e atividades orionitas em três diretrizes da caridade educativo-juvenil, caridade assistencial-promocional e caridade pastoral-paroquial. Ver a Circular Quais obras di caridade? In “Atti e comunicazioni” 2005, n.217, p.111-130.] são endereçados e estão em função do fim apostólico carismático: “desenvolver no povo cristão um dulcíssimo amor ao Santo Padre”.

Que fique bem clara esta relação / relatividade do ministério com a finalidade carismática, se quisermos identificar e tornar dinâmicos os nossos ministérios da caridade sustentados pelo ministério sacerdotal. [Recorda isso o art.117 das Constituições: “Numa Igreja toda voltada para a missão, nós como portadores de um concreto carisma, nos reconhecemos chamados a uma específica missão apostólica”.]. É essa comum identificação carismática que determina os traços característicos de cada ministério e atividade desenvolvidos por nós orionitas.

Deixando de descrever os traços característicos do orionita sacerdote, eu me limito a indicar três claras analogias entre a vida da Igreja no tempo de Dom Orione e a vida da Igreja de hoje, entre a identidade do sacerdote transmitida por Dom Orione e a desejada nos tempos de hoje. [ Para conhecer a Igreja no tempo de Dom Orione, vejam-se os estudos históricos: Ignazio Terzi, Il momento storico in cui operò, 29-36; Id., Il messaggio di Don Orione nella sua genesi storica , 147-155; Andrea Gemma, La chiesa locale nella concezione teologica e pastorale del periodo in cui si formò Don Orione, 37-53; Giovanni Pirani, Don Orione e la sua diocesi, 54-73, todos em Don Orione nel centenario della nascita (1872-1972), Roma-Tortona, 1975; Aa.Vv. La figura e l’opera di Don Luigi Orione(1872 – 1940), Vita e Pensiero, Milano 1994; Aa.Vv., Don Orione e il Novecento, Rubbettino, Soveria Mannelli, 2003; Aa. Vv. San Luigi Orione.Da Tortona al mondo, Ed. Vita e Pensiero, Milano 2004.].

Surgem com uma certa evidência três analogias: 1) a necessidade de fortalecer a unidade pastoral interna da Igreja; 2) a urgência de promover uma ação apostólica mais penetrante (hoje se diria a urgência da “nova evangelização” ou de uma “fronteira missionária”); e enfim 3) a convicção que a ação pastoral deva ser acompanhada pelo testemunho da caridade. A cada uma dessas necessidades da vida da Igreja correspondem atitudes, em Dom Orione e na identidade do orionita sacerdote por ele transmitida, atitudes que se podem resumir em três slogans bem conhecidos: 1) Padres filhos e não servos (ou seja: não meros funcionários); 2) Padres fora da sacristia; [Hoje, inclusive por motivo da grave crise de vocações e de insuficiência de clero, há um forte movimento de volta para a sacristia e para dentro da igreja, para dar catecismo, distribuir sacramentos, dirigir os que já vêm à igreja. Verifica-se um novo tipo de concentração institucional. E acontece que nesse recuo para dentro da igreja e da sacristia (e para dentro dos escritórios) ficamos envolvidos também nós religiosos, a quem são confiados diretamente – ou como suplência – cada vez mais os ofícios próprios do clero diocesano ou porque na gestão das obras de caridade nos ocupamos preferentemente com funções e cargos administrativos. Daí deriva a consequência que, sendo poucos e estando todos já super ocupados, não possamos dirigir adequadamente as obras típicas do carisma e nem pelo menos tomar em consideração as “obras de fronteira”, as “novas respostas”, as “Patagônias” dos carentes de tudo e dos desprovidos. E, no entanto, é para isso que nós existimos… porque “é de vantagem para a própria Igreja que os Institutos tenham uma sua própria fisionomia e uma particular função”; ver acima as notas 26 e 27.]; 3) Padres de mangas arregaçadas nas obras de caridade. [Ver acima a nota 15 e em particular o meu artigo Dom Orione: que tipo de padre?, Messaggi di Don Orione 115 (2004), p.57-72.] .

Ser religiosos “padres filhos, fora da sacristia e de mangas regaçadas” exige diversas modalidades concretas para o orionita nas obras e para o que estiver na paróquia, para o padre jovem e para o ancião, para quem é mais levado ao estudo, para a organização o para o trabalho manual, para quem se dedica mais aos jovens ou aos mais idosos, e assim por diante. Mas para todos significa vida sacrificada a Deus e doada ao bem do povo; em tempo integral e com paixão eclesial. “Com as devidas cautelas”, como escrevia Dom Orione, prudentes em respeitar os tempos de oração, de repouso, de estudo pessoal, mas prontos a aceitar uma piedade perturbada pela caridade para com o povo e uma pastoral sujeita aos regulamentos ordenados pelas necessidades alheias e aos apelos da Providência, prontos sempre, como uma mola esticada pela caridade, a voltar alegres a um ritmo mais de acordo com a regra.

(Leia amanhã o Oitavo dia: "O ano sacerdotal e o exemplo do santo Cura d’Ars")





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