40. A CARIDADE NOS LEVA PARA DEUS
3. Recordai o fato que contam as histórias antigas. Caminhava para Tebas uma legião romana. Era um dia abafado, faltava água e faltava comida. Os soldados marchavam ao longo de caminhos incertos, cansados e acabados pelo jejum e pela sede. Eis que, para grande conforto e surpresa deles, viram que a povoação de uma vila desconhecida vinha ao encontro deles, trazendo alimentos e vinho... Ofereciam comida e bebida, acomodando-os sobre bancos improvisados... Os legionários, vendo aquilo tudo saboreavam as comidas e bebidas, mas se admiravam, muito mais, com o grande carinho e o delicado sentimento de fraterna caridade daqueles desconhecidos. Era amor que se via na solicitude com que estavam sendo servidos... e depois, que dizer? Quando viram que aos mais cansados e debilitados da tropa, aqueles desconhecidos cediam seus catres, para que repousassem e recuperassem as forças... O Centurião, maravilhado, jamais tinha visto quem praticasse tantas atenções e oferecesse tal acolhimento. Perguntou que gente fosse aquela que mostrava tanta disposição para praticar a hospitalidade, e que parecia tão feliz por poder socorrer e confortar os seus soldados.
- "Cristãos! Cristãos!", lhe responderam.
O veterano Centurião romano, que tantas vezes havia escutado calúnias e acusações contra os cristãos, descritos e pintados com as cores mais tétricas, ficou tão fortemente impressionado com as atitudes daquela gente que, quando chegou a noite, por mais cansado que estivesse, não conseguiu dormir. Levantou-se e vagava perturbado... tocado por aquele nunca sonhado espetáculo. Meia-noite, tudo era silêncio e quietude. Ele viu gente que, deslizando sem rumor, como se fossem sombras, movia-se rumo a um ponto determinado. Perguntou:
- "Mas onde vai toda essa gente a esta hora?"
-“Vamos rezar... celebrar nossos mistérios...
E então o Centurião caminhou, com passo trepidante, para o lugar para onde se dirigiam as sombras e se aproximou da cabana maior, onde se achava reunida a comunidade dos cristãos. Sentiu uma suave harmonia que se difundia daquele lugar. As palavras do canto eram: "Ecce quam bonum et quam jucundum habitare fratres in unum..., Ubi charitas et amor Deus ibi est, Como é bom e suave os irmãos habirarem unidos... Onde há caridade e amor, aí está Deus”. O Oficial romano ficou tocado e comovido no mais profundo de sua alma. Desembainhou sua espada e agitando-a em direção ao céu exclamou: “Oh, Deus dos cristãos, que ensinas os homens a se amarem tanto assim, também eu quero ser um dos teus adoradores". Pouco depois aquele soldado recebia o batismo. Tornou-se em seguida um grande santo: São Pacômio. Aquela alma guerreira e indomável que jamais fora vencida por nenhuma espada, estava agora conquistada pela caridade.
Fiquemos unidos com o vínculo da oração e do amor recíproco, soframos juntos, trabalhemos juntos, rezemos juntos... vivamos unidos em Cristo e morramos no amor de Cristo e dos irmãos... morrer em Cristo é viver eternamente. Rezai por mim. Reuniões (1936) MA 6, 214s (p. 98 - 99).
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