sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Da Revista Dom Orione 2010

NOVAS FORMAS DE POBREZA

"Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prixão e viestes a me ver" (Mt 25,35-36)
É fundamental seguir o apelo de nosso Pai fundador: “nossa obra deve ser aberta ao que sofre uma dor ou que lhe falta algo”. Mas quem hoje é o Pobre mais pobre, aquele que mais precisa? ”Vou tentar enumerar alguns pontos que nos ajudem a refletir”.

Segundo o doutorando E. M. Oliveira houve quatro formas de tratar dos pobres. “Na pré-história, no período em que os humanos viviam em tribos um ajudava o outro, pois a sobrevivência do grupo cabia a todos. Na idade antiga e medieval vivíamos de caridade, benemerência de senhores e obras dos religiosos que mandavam ajudar os que eram abandonados e precisavam ser salvos. Tanto lá, como aqui eram pobres órfãos, viúvas, vítimas da guerra, da peste ou de catástrofes naturais. Com o mercantilismo e o advento do capitalismo passa-se a uma filantropia, aparecem leis que protegem os mais fracos e dão direitos aos que são despossuídos de capital e força para gerar capital. Por fim, nasegunda metade do século XX o estado passa a assumir a responsabilidade da ajuda aos pobres com as políticas sociais, que garantem o direito e a dignidade das pessoas”.
Na assembléia geral do clero da diocese de Curitiba Pe. Agenor Brighenti destaca que os pobres do mundo atual não são mais aqueles que se encontram à margem da sociedade. Os novos pobres estão fora das margens da sociedade, não consomem, não participam, estão fora da aldeia global; não tem acesso à educação, nem à saúde, nem à moradia, não têm direitos. Eles, os novos pobres, estão mais longe ainda da vida digna, da sociedade moderna. São os excluídos. “São feios e ruins porque são pobres, são pobres porque são ruins e feios”
Podemos elencar os novos pobres como: os idosos, pessoas que não produzem mais, estão fracos e/ou doentes crônicos, os migrantes, oriundos da globalização fugindo de todos os tipos de catástrofes e tragédias: naturais, humanas ou bélicas e os que sofrem de dependência: afetiva, internet, jogos, sexo, bebidas etc.
Dentre os novos pobres destaco como a mais terrível exclusão os toxicômanos que em todos os lugares são conduzidos para um fim breve, quer no tráfico, ou no consumo de drogas principalmente as ilícitas, como o crack entre outras, levando a viver num mundo à parte, a cracolandia ou nas favelas e até mesmo nas roças de cana ou nas obras.
Nossas comunidades precisam ser acolhedoras, fazer com que as pessoas se sintam “gente”, sejam ouvidas, sintam-se valorizadas, compreendidas e amadas; depois intervir para começar a restaurar a vida.

Mas e agora? Os pobres do mundo pós-moderno quem são? Cabe aos orionitas um cuidado com estes pobres. A porta de entrada é a ACOLHIDA.

Padre Everson Damian Lunardi
Pároco da Paróquia Santa Quitéria, Curitiba - PR

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