A alma, inundada pela bondade do Senhor e pela sua graça, incendiada pelo fogo da caridade, erguida até as alturas e trepidante de amor, experimenta uma alegria que, é gozo espiritual e se transforma em canto e doçura, sente a sede ardente do infinito, suspira por toda a verdade, por todo o bem, por toda a beleza; sente atração, ardor sempre crescente por Deus; e ama, no Uno, a todos, no Centro, os raios, no Sol dos sóis, a toda luz. E nesta luz inebriante eu me liberto do homem velho e amo: esse amor me faz homem novo e amando eu canto, canto! Amo inefavelmente e canto o mesmo Amor infinito e a santíssima Virgem, Nossa Senhora do Amor Divino e me lanço a uma altura sem limites, donde, com um brado imenso de vitória e de glória a Deus e a Nossa Senhora, amo e canto. O esplendor e o ardor divino não me queimam, mas me retemperam, me purificam e sublimam e me dilatam o coração, de tal forma que eu quisera apertar, com meus pequenos braços humanos, todas as criaturas para levá-las a Deus . Quisera me tornar alimento espiritual para meus irmãos que têm fome e sede da verdade e sede de Deus; bem quereria vestir de Deus os nus, dar a luz de Deus aos cegos e aos que suspiram por mais luz; abrir os corações às inumeráveis misérias humanas e me fazer servo dos servos, distribuindo a minha vida aos mais indigentes e abandonados; quisera me tornar o louco de Cristo e viver e morrer na loucura da caridade para os meus irmãos! Amar sempre e dar a vida cantando o Amor! Despojar-me de tudo! Semear a caridade ao longo de todas as trilhas; semear Deus de todos os modos, em todos os sulcos; descer a todos os abismos e voar infinitamente cada vez mais alto, até o infinito, cantando a Jesus e a sua Mãe santíssima. E não parar jamais.
Transformar os abismos em sulcos radiantes da luz de Deus; tornar-me um homem bom entre os meus irmãos; abaixar e estender sempre minhas mãos e meu coração para recolher as vacilantes debilidades e fraquezas e depositá-las sobre o altar, para que, em Deus, se transformem em forças de Deus e grandeza de Deus. Jesus morreu com os braços abertos.
Caridade! Quero cantar a Caridade! Ter uma grande compaixão para com todos! Senhor, gravai sobre minha fronte e sobre o meu coração o Tau sagrado da caridade. Abri meus olhos e o coração para as misérias dos meus irmãos; que minha vida arda, como sobre altíssima pira diante de Vós, ó Jesus! Vida ardente! Fazei-me um braseiro, resplendente de luz. Viver de luz. Ajoelhado com toda a minha miséria, eu me deixo ficar, gemendo, diante da vossa misericórdia, ó Senhor, que morrestes por nós. Senhor, não sou digno, mas preciso da vossa alegria, alegria casta, alegria que arrebata, que nos transporta à mansão da paz, para cima de nós mesmos e de todas as coisas: alegria imensa! A alma se decide a arrostar com tudo, para subir, unir-se a Deus: é a alegria da humildade.
A caridade tem fome de ação: é uma atividade que rescende ao eterno e ao divino. A caridade não sabe ser ociosa. Nós habitamos em Deus e vivemos em Deus.
Sinto-me como um bloco de carvão aceso sobre um altar: viver em Deus e Ele em nós. Aí está o mais sublime ápice da vida e da morte, o ponto mais alto e sublime do amor, a alegria mais sublime e a sublimidade mais indizível da eternidade! Quem quer que siga a Maria, será vitorioso sobre seus próprios inimigos e chegará ao reino onde Ela é rainha com seu Filho, na glória que jamais terá fim, na bem-aventurança imensa; e mais alto, no silêncio sagrado do incompreensível, onde se curva reverente um arcano esplendor, lá na morada do Altíssimo! Rogai a Deus por este que, assistido pela graça divina, escreve esta loucura de amor; e ele reza por todos que a lerem. E que Deus nos dê a Si mesmo largamente e por todo o sempre. Amém. - Oh, as maravilhas da Luz! (DOLM, 2164 ss; Scritti 100, 187 ss.)
Um comentário:
Um belo texto para refletir...
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