5. CARIDADE! CARIDADE! CARIDADE!
b) (...) Caridade! Caridade! Caridade! Jesus, com teu divino amor, dá-nos um grande espírito de caridade para com as almas, especialmente para com os filhos dos pobres infelizes e abandonados. Tu sabes, ó Senhor: nós somos os teus pobres e nascemos para os pobres.
Depois de Deus, de Nossa Senhora e da Igreja, que mais, ó meus filhos, devemos nós amar a não serem os pobres? Não disse São Lourenço, o grande diácono da Igreja de Roma, que os pobres são os tesouros da Igreja de Cristo? Dá-nos, ó Senhor, aquela caridade doce e suave, que é força e miolo de todas as virtudes, aquela caridade que restaura os cansados, fortalece os enfraquecidos e torna suave o jugo da verdade. Faz que a Pequena Obra da Divina Providência seja como um altar, sobre o qual arda, como num incêndio, o fogo inextinguível da caridade; e a chama desse incêndio se levante até a Ti, ó Senhor, e ilumine e aqueça a todos nós: tire de nós toda tibieza, tire toda frieza, aumente em nós a divina força da graça, revigore o espírito, reanime e faça prosperar todas as Casas da Congregação: faça de nós todos um só coração e uma só alma, de modo que toda a Pequena Obra seja invadida pela grande suavidade, e goze de uma concórdia e paz sempre maiores. “Omnia in charitate fiant, (tudo aconteça na caridade)”!
Caridade! Caridade! Caridade! Nada há de mais caro a Jesus Cristo, nada de mais precioso do que a caridade fraterna; de modo que nosso dever, ó meus caros, é tomar todo o cuidado para conservá-la e fazê-la crescer em nós e na Congregação, de tal forma que sejamos em Cristo, um por todos e todos por um; é unicamente esse espírito de caridade que edifica e unifica em Cristo. A tal ponto que deveremos abandonar toda questão, inclusive se feita por amor da verdade e por zelo da glória de Deus, se tal discussão pudesse talvez, por pouco que fosse, indispor nosso coração e enfraquecer o espírito de caridade. A caridade, diz São Paulo, é paciente e benigna, é suave e doce, forte e constante, é iluminada e prudente, é humilde e fervorosa, incansável, pronta a se renegar a si mesma. Faz-se toda para todos: não procura o que é seu, é serena, não é ambiciosa, não é invejosa, goza com bem dos outros, tanto dos amigos, como até dos que nos sejam contrários; e apenas for possível, com um manto de amor cobre e esconde as faltas alheias. Interpreta as ações e as palavras no modo mais favorável: exclui todo egoísmo, coloca a sua felicidade em fazer o bem. A caridade de Cristo é universal e abraça o céu e a terra. É corajosa até a audácia, mas delicadíssima e todo-poderosa e triunfa sobre todas as coisas. A caridade é simples e límpida, jamais se turva; não se incha de orgulho, não busca o seu interesse, não se irrita jamais por ser posta sob os pés de todos, mas sobe até o coração e entra nos corações de todos. A caridade não tem o olho mau, não tem espírito de discussão, não conhece os “mas”, nem os “se”; não tem espírito de contradição, de censura, de crítica, de murmuração; toda essa coisa a caridade nem sabe o que seja. A caridade tem sempre o rosto sereno, como sereno é o seu espírito; è tranquila e, quando fala, não levanta jamais a voz.
A caridade jamais é ociosa, mas é alegre e operosíssima e trabalha silenciosamente. Tem uma prerrogativa única e toda sua: está sempre alegre e contente com tudo, até com as pauladas e as injúrias e calúnias mais humilhantes; no bastão pesado e nodoso, de que falou São Francisco, nos desprezos e nos rebaixamentos mais indignos, a caridade encontra a sua perfeita alegria .
A caridade não desanima nas dificuldades, pois confia em Deus: Deus é sua porção e o cálice da sua herança: com a confiança no Senhor, com a paciência e com o tempo a caridade sabe esperar os momentos e as horas de Deus e bons resultados em todos seus empreendimentos.
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