quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Espírito de Dom Orione

4. O amor para com Deus
b) Deus se deu a si mesmo

"Ele me amou e deu-se a si mesmo por mim" (Gal 2,20) - por isso cada um de nós pode dizer com São Paulo: Deus não somente nos deu tantas belas criaturas. Não ficou satisfeito até que não nos deu a si mesmo. E o que cremos ao proclamar nossa fé na Encarnação: "O Verbo se fez carne e veio habitar no meio de nós". (Jo 1,14). "Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho Unigênito" (Jo 3,16). Nosso Deus se tornou um de nós. Fez-se carne em Jesus Cristo para nos resgatar e nos salvar. Deus se abaixou até o ponto de se "aniquilar a si mesmo" (cfr Fil 2,8) fazendo se assombrarem o céu e a terra.


Teria sido suficiente para nos redimir uma sua única lágrima, uma gota do sangue de Cristo, uma única palavra de súplica, mas em vez disso, Ele preferiu se dar totalmente, dar todo o seu sangue na cruz, na morte em meio a tormentos. Por quê? Para mostrar-nos o amor que tem por nós.


Comenta a propósito São Pedro Crisólogo: "Quod sufficiebat redemptioni, non sufficiebat amori" (o que era suficiente para a redenção, não era suficiente para o seu amor). E este amor Ele nos mostrou com sua vida repleta de sofrimentos, e com sua dolorosa morte: "humilhou-se a si mesmo tornando-se obediente até a morte e morte na cruz" (Fil 2,8).


Se fosse um nosso grande amigo e parente, que maior sinal de amizade e amor poderia dar? "Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida pelos próprios amigos" (Jo 15,13). Jesus não nos amou só de palavras, mas de fato e com que fatos! Por isso São João, convidando-nos a olhar para Jesus, nos exorta: "Filhinhos meus, não nos amemos só de palavras, mas de fato" (1 Jo 3,18). Acreditamos nós na Encarnação e na morte di Jesus Cristo? E se acreditamos, como não amá-lo? E que maior ternura podia Ele nos demonstrar, além de sacrificar sua vida por nós? E com que paixão de amor Ele o fez! “Há um batismo em que eu devo ser batizado, e como estou ansioso até que ele aconteça!" (Lc 12,50). "Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco antes de padecer" (Lc 22,15). Comenta São João: "Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao extremo" (Jo 13,1). Por isso São Paulo ha pode dizer: "Charitas Christi urget nos" (A caridade de Cristo mos impele), ao pensarmos que Um morreu por todos (2 Cor 5,14). E por isso o mesmo apóstolo exclamava: "Se alguém não ama o Senhor seja anátema!" (1 Cor 16,22).


"Quem, pois, nos poderá separar do amor de Cristo?" (Rom 8,35) - é ainda São Paulo que pergunta a si mesmo e a nós. Como poderemos nos separar do amor de Jesus? Como não amarmos a quem tanto nos amou? Eis por que os Santos sempre julgaram ter feito muito pouco, mesmo ao dar a vida e tudo mais por amor de um Deus tão cheio de amor.

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