39. "Católico significa universal"
Tortona, 11 de março de1938 – Hora do almoço, na Casa Mãe.
Durante a leitura da vida de São José Cotolengo de Gastaldi, Dom Orione pede ao clérigo: "Eu te peço que repitas três vezes e bem de vagar o trecho que começa com "Quando..." O clérigo Brusamonti leu três vezes, destacando as palavras e levantando a voz: “Quando o Servo de Deus, fundou a Pequena Casa, ele a quis aberta a todo tipo de necessidade, a gente de toda a parte e a pessoas de toda e qualquer religião; não havia intenção de criar uma obra de socorro só para os nossos irmãos indigentes fisicamente, mas, sim, e imensamente mais, para ajuda dos que precisassem ajuda espiritual em suas almas’’ (Livro VI, capítulo XIV).
Lá pelo fim do almoço Dom Orione mandou suspender a leitura e disse:
Ouvimos a leitura de duas conversões acontecidas na Pequena Casa de Turim, porque São José Cotolengo, como ouvistes, aceitava gente necessitada, de qualquer religião, ou mesmo sem nenhuma religião. Ele, naquela época, passava, talvez, por modernista. Certamente, quando os doentes se apresentavam às portas do Pequeno Cotolengo, não se devia perguntar de que religião ou de que nacionalidade eram, mas se tinham alguma dor a ser curada. Vede como os santos tinham o coração grande!
Assim devemos ser nós, sempre! Tende em mente estas coisas; este é o espírito dos Santos! No Pequeno Cotolengo Argentino, por graça de Deus, não houve até agora ninguém que tenha morrido como não católico; destaco isso porque Buenos Aires, cidade de dois milhões e meio de habitantes, é uma cidade cosmopolita onde vivem Hebreus, Turcos, Calvinistas, Luteranos, Anglicanos. Nossos Pequenos Cotolengos estão abertos com os mesmos critérios e o mesmo espírito do Cotolengo de Turim, aceitando pobres doentes de qualquer nacionalidade, de qualquer língua, de qualquer Credo e mesmo sem Credo nenhum, os sem Deus e sem religião. Isto se deve ao bom espírito de nossos Confrades, que têm carinho e cuidado espiritual dos pobres sofredores e ao bom espírito dos nossos Clérigos enfermeiros que acodem os velhinhos, ao bom espírito e à santa Caridade de nossas Irmãs.
Foi isso que respondeu uma mulher Calvinista a quem lhe perguntou por que queria se fazer católica. Ela respondeu: - Como não acreditar na fé e na religião dessa Irmã que dorme no chão, ao lado da minha cama e que se levanta 20, 30, 40 vezes por noite para me dar de beber e para me servir? Nem que ela fosse minha filha poderia fazer mais do isso! - Aquela boa mulher foi trazida para a fé pela Caridade sobre-humana da Irmã. Vede quanto era grande a caridade dos Santos. Quanto eram grandes as propostas de São José Cotolengo!
Um dia chegou a mim um homem e me disse:
- Eu quero fundar um Abrigo Católico, e o senhor pode me enviar os seus padres?
Respondi:
- Se por católico o senhor entende dizer universal, isto é, onde todos podem ser aceitos, ótimo, posso mandar o pessoal; mas se pretende fundar um Asilo exclusivamente para católicos, não, não posso aceitar - (e Dom Orione fez um sinal com a cabeça e com a mão). Lembrem-se destas palavras, quando se apresenta alguém necessitado a pedir internação, não se pergunta se é batizado, mas, se tem uma dor. Parola VIII, 195 - 196 (p. 95 - 96). Foto dos religiosos da Província Brasil Sul no retiro de Julho em Barro Preto, PR.
Nenhum comentário:
Postar um comentário