terça-feira, 27 de abril de 2010

"O Espírito de Dom Orione - A caridade"





"18. O vício da murmuração
5. Vós todos lestes ou ouvistes falar do apóstolo da juventude que foi São Filipe Neri. Um dia foi confessar-se com São Filipe uma mulher que fazia profissão de vida santa. São Filipe a escutava com paciência e a admoestava e aconselhava a guardar melhor a língua, a não murmurar, a frear a língua, a não interpretar mal as ações do próximo. Mas a mulher, que fazia profissão de vida santa, continuava sempre na sua mesma fraqueza, no mesmo defeito. E então São Filipe, que era um santo e sabia das coisas - diziam todos que ele era meio esquisito, mas de fato o veneravam como um grande reformador da fé, e reformador da Igreja em Roma - disse àquela sua penitente:
- A senhora tem galinhas em casa?
- Sim, padre Filipe.
- Muito bem! Pegue uma galinha, torça o pescoço dela - a mulher calculava que o Pe. Filipe lhe diria que levasse a galinha para algum pobre ou para algum doente, mas qual nada-: Amanhã de manhã, levante-se bem cedo, quando ainda não houver ninguém pelas ruas de Roma, depene a galinha, espalhe as penas, uma a uma, enquanto a senhora vier até aqui, e depois na volta para casa, recolha todas as penas; depois me diga quantas penas a senhora conseguiu recolher. Fez a penitente aquilo que o Pe. Filipe mandou. Espalhou penas pelas ruas, girando por tudo que era rua e voltou para casa com a galinha toda depenada. Saiu de novo; refez a mesma caminhada, catando as penas e até que foi capaz de achar algumas delas; mas todas, de que jeito?... Pior é que havia um vento daqueles, sumindo com tudo que eram penas... Voltou enfim à igreja onde estava o Pe. Filipe:
- A senhora fez o que eu mandei?
- Fiz, sim senhor.
- A senhora espalhou todas as penas da galinha e depois recolheu? - Sim, Padre.
- E recolheu todas as penas?
- Não, Padre; só achei muito poucas delas...
- Exatamente; a senhora tem o vício da murmuração; é uma resmungadora, uma sussurrona; um dia contra a nora, outro dia contra a sogra, uma hora contra a vizinha da direita, outra hora contra a vizinha da esquerda, contra as conhecidas, contra as parentas, contra as amigas, contra as inimigas; implica com todos e com todas as pessoas e com todas as coisas; vive sempre a reclamar, a murmurar, a criticar; a sua língua é aguda, como diz a Sagrada Escritura: "Acuerunt linguas suas sicut serpentes..."; língua aguda como a da serpente quando solta o veneno. Veja quanto mal anda fazendo! E agora, como as penas da galinha, a senhora não consegue recolher mais, e assim todo o mal se vai alargando cada vez mais; e quando a senhora quiser retirá-lo não poderá mais, porque, diz o provérbio, as palavras boas se vão e só as da maldade voltam.
Caros meus clérigos, se por acaso tivermos caído nessa fraqueza e se ela se tornou um mal crônico, bem sabeis o que são os males crônicos: são os males sem cura, devemos usar o remédio radical nessa matéria; eliminar, custe o que custar, esse vício, extirpar esse vício maldito da murmuração, da maledicência para longe da nossa Casa - Da pregação do dia 19/12/1939 -Parola XI, 314 ss" (p. 56 - 57).

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