segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Reflexão para a 28a segunda-feira


(Gl 4,22-24.26-27.31;5,1; Sl 112; Lc 11,29-32)
Um sonho como sinal
O Senhor Jesus é decisivo: «nenhum sinal» (Lc 11,29) senão aquele de ser e permanecer «livres» (Gl 5,1). Colocar juntos os dois textos, como aqueles que nos oferece a liturgia de hoje, produz uma mensagem de grande intensidade, que pede um caminho de profunda responsabilidade e de contínua vigilância. Trata-se, de fato, de não esquecer que «nós não somos filhos de uma escrava, mas de uma mulher livre» (Gl 4,31) e que a nossa liberdade em Cristo é «o sinal de Jonas» (Lc 11,29) que se torna um sonho para a nossa vida e um sinalizador para conduzir nossos irmãos, para que não se percam em inúteis ilusões. Mesmo assim, no escutar o evangelho de hoje, somos obrigados a tomar consciência de nossa costumeira propensão a ser, o nosso modo, uma «geração perversa». Não se trata de uma nota moral – ainda que, muitas vezes, a nossa vida concreta, possa ter alguma conotação malvada – mas sim de alguma coisa que toca a atitude mais profunda de nosso coração, no que se refere à liberdade.
Na realidade, cada um de nós leva, em si, um pequeno Abraão, que «teve dois filhos, um da escrava e outro da mulher livre» (Gl 4,22). O apóstolo explica – retomando e enriquecendo a tradição rabínica – que «aquele da escrava nasceu segundo a carne; aquele da mulher livre, em virtude da promessa» (4,23). O que faz a diferença na vida de fé pela capacidade de viver, sempre mais, de uma «promessa» que se faz encontro com uma pessoa, o Senhor Jesus Cristo, o qual, com grande simplicidade, fala de si mesmo dizendo: «Está aqui um maior que Salomão» (Lc 11,31). Jonas e Salomão representam, da melhor maneira possível, a figura do sonho que se faz sinal e que, continuamente, é capaz de sinalizar para impulsionar-nos além, em um caminho sempre mais aberto e menos temeroso. Na realidade, cada vez que buscamos sinais, arriscamos revelar nosso medo do futuro, que não nos permite ler – com gratidão e até o fundo – os dons que o presente nos oferece, muitas vezes, temperado com uma certa plenitude. Por isso é necessário aprender com a «rainha do sul» e mesmo com «os habitantes de Nínive» (11,32), associados por sua imensa capacidade de maravilhar-se e converter-se, pela sua incomparável disponibilidade em colocar-se em viagem, para alargar seus horizontes e em converter seu próprio comportamento, acolhendo o sinal de um profeta deseperado como Jonas, que estranhamente gira pela cidade com um forte cheiro de mar e de entranhas de peixe.
Para que tudo isto possa acontecer na nossa vida, é necessário não esquecer que – como nosso pai Abraão – dois filhos estão em nosso seio, dois sinais continuamente acompanham a nossa vida, como dois sinalizadores colocados em uma bifurcação, que exigem uma escolha e um risco: aquele de ser livre e de aventurar-se nas grandes navegações da conversão, da mudança, da novidade e da surpresa. O evangelista João nos relata uma longa e dura discussão entre Jesus e os judeus, acerca da figura de Abraão e sobre o tema da liberdade. Também naquele caso, a conclusão do Senhor é forte e clara: «Se o Filho vos fará livres, então o sereis de verdade» (Jo 8,36). De fato, é no Senhor Jesus que os «dois filhos» (Gl 4,22) de Abraão tornam-se um só filho e é do verdadeiro Salomão de nossa vida que somos chamados a aprender a discernir e acrescentar os sinais da liberdade. Estes sinais estão sempre ligados à nossa capacidade de reconhecer o grau de verdade e de liberdade, pela disponibilidade de estar sempre do lado da vida... exatamente como aquela mulher prostituta, que colocou em primeiro lugar a vida de seu filho, muito mais que o seu prestígio de mãe, e que foi ajudada e sustentada pela espada de Salomão (1Rs 3,16ss).
Fratel Michel Davide OSB

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