quarta-feira, 30 de março de 2011

Igreja/Cultura: Há novas fronteiras para o crer

Igreja/Cultura: Há novas fronteiras para o crer

Falar e ouvir falar de Deus na sociedade de hoje é uma dinâmica em mudança

RM/SNPC | Obra de Lourdes Castro na Capela do Rato, Lisboa
Lisboa, 29 Mar (Ecclesia) – O sociólogo Alfredo Teixeira considera que a Igreja Católica enfrenta “tendências de guetização da experiência cristã” que exigem uma “reconstrução criativa”.
Num texto hoje publicado na mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA, o professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) fala num “processo de desagregação a que Michel de Certeau chamou o fim do «cristianismo objectivo»”.
“Talvez por isso nos encontramos, também, perante as tendências de guetização da experiência cristã e as perplexidades dos que escolhem a ambiguidade do mundo como lugar do testemunho”, acrescenta.
O jesuíta José Frazão Correia, por seu lado, diz que o “acto de fé e as práticas crentes deixaram de contar com a protecção de um centro reconhecido e incontestado, bem delimitado e seguro”.
“O que estamos a perder não parece essencial à fé em Jesus. Será, antes, uma falsa segurança (cultural, política, ética, etc.) que, em muitos casos e momentos, parece ter obscurecido e enfraquecido o Evangelho”, observa.
Para o sacerdote português, “a fé em Jesus de Nazaré não quer ser sem a diversidade de pessoas, tempos e modos, os seus dramas e êxitos”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o colunista Henrique Raposo fala da sua relação com Deus e do que espera no diálogo com a Igreja Católica, colocado no «Pátio dos Gentios» - designação do novo organismo do Vaticano para a promoção do diálogo com os não crentes.
“A linguagem no espaço público não é assim tão difícil como possa parecer”, assinala.
Abandonando a expressão “ateu” para se definir, Henrique Raposo defende que “o que não se pode fazer à Igreja – aos católicos – é o desprezo, pensar que eles não existem”.
Quando à condição crente, considera que “ter dúvidas deve fazer parte daquele que tem fé. Aqueles que foram educados na fé e nunca questionam nada, não vão chegar a um estado de maturidade, ficam na fé infantil”.
Tiago Freitas, padre da arquidiocese de Braga e um dos responsáveis pelo site www.patiodosgentios.com, fala, por seu lado, do interesse da Igreja na Internet e nas redes sociais: “Quer a nível institucional, quer a nível pessoal, terá de ser uma presença com a marca de um testemunho coerente e genuíno, o que implica, desde logo, uma transparência quanto à sua condição de crente”.
“O «testemunho» é a única linguagem que encontra um receptor disponível. Não existem posições neutras. Pode existir, isso sim, um itinerário pedagógico que, por vezes, o diálogo exige”, escreve.
Ao longo da Quaresma, que decorre de 9 de Março a 21 de Abril, a Agência ECCLESIA vai apresentar semanalmente um dossier sobre espiritualidade cristã, nas suas mais diversas vertentes.
OC

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