terça-feira, 31 de maio de 2011

ANOTAÇÕES DE PE. FLAVIO PELOSO

ANOTAÇÕES DE PE. FLAVIO PELOSO
AO FINAL DA ASSEMBLÉIA DA UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS


O Superior Geral, Pe. Flavio Peloso e o Vigário Geral Pe. João Inácio Assis Gomes participaram da Assembléia Semestral da União dos Superiores Gerais (USG), na casa dos Salesianos, na Via della Pisana, em Roma.
A Assembléia, realizada de 25 a 27 de maio de 2011, teve como tema: Identidade e Significatividade Profética da Vida Consagrada Apostólica. No primeiro dia da reunião participaram mais de cem Superiores Gerais.
Aqui está uma informação de Pe. Flavio Peloso.

Muito bonita e enriquecedora esta Assembléia da União dos Superiores Gerais. Como sempre tem um bom clima de encontro, de comunicação de experiências entre os Superiores de quase todas as ordens e congregações.
Os conteúdos, desta vez, foram principalmente teológicos, mas sempre tratados de uma prospectiva muito experiencial. Foi muito apreciado as conferências e os expositores.
A maior e mais agradável surpresa foi para mim a presença do novo Prefeito da Congregação para a Vida Consagrada, Dom João Braz de Aviz, que presidiu a celebração da Eucaristia conclusiva. Marcou um pouco a todos pela sua simplicidade e profundidade de palavras, pela sua transparência fraterna e parresia  ao tocar os problemas, e no modo muito evangélico de enfrentá-los.
O novo prefeito é um brasileiro, ex-arcebispo de Brasília, que diante de todos se pôs a elogiar aquilo que a nossa congregação faz na periferia pobre de Brasília, no Itapoã, recordando especialmente do confrade Pe. José Martins dos Reis.
Algumas anotações sobre os conteúdos.
Como sempre, o desafio de qualquer renovação é conjugar fidelidade e novidade. Também a vida consagrada é lançada neste desafio apaixonante. O novo não se escolhe, existe. Se escolhe a resposta. O Concílio Vaticano II indicou esta fundamental atitude de renovação sobretudo em relação à Igreja com o mundo em mudanças. Também os Capítulos Gerais da Congregação foram vistos como um empenho para responder aos novos tempos com a nossa vida consagrada e com o carisma orionino. A nossa identidade é em caminho.   
O compromisso dos religiosos por Deus que ama o mundo não pode ser por meio de estratégias de isolamento, de distanciamento social, do elitismo, mas deve ser inspirado pelas estratégias da encarnação. A história e o mundo - com as suas complexidades e ambiguidades - são ingredientes não facultativos da nossa relação com Deus.  A relação com o mundo nos indica o movimento. A relação com Deus nos dá a vontade e a força do movimento. A relação com os irmãos de comunidade e de congregação dá sinergia indispensável para o movimento.
Foi retomada a afirmação de Hans Urs Von Balthasar que acredita que a vida consagrada daqueles que seguem os conselhos evangélicos em pobreza, castidade e obediência a Deus "permanecerá até o fim do mundo a guardiã da totalidade do Evangelho e em todo período da Igreja será tanto mais viva quanto serão vivas as ordens ativas e contemplativas".
Essa crença é constante no magistério de Bento XVI que fundamenta a identidade e a profecia da vida consagrada na vontade de Jesus e na vida da Igreja: "as várias famílias religiosas, da vida monástica às congregações religiosas e às sociedades de vida apostólica, dos institutos seculares às novas formas de consagração, tiveram a própria origem na história, mas a vida consagrada como tal teve origem com o Senhor mesmo que escolheu para si esta forma de vida virginal, pobre e obediente. Por isso a vida consagrada não poderá jamais faltar nem morrer na Igreja: foi querida pelo próprio Jesus como parte irremovível da sua Igreja".
Nos trabalhos de grupo dos Superiores Gerais constatou-se que hoje não é tanto em crise a teologia da vida consagrada mas a prática e a pedagogia da vida consagrada, porque se confundiu e se surpreendeu pelas provocações de um contexto cultural que mudou as formas ordinárias de viver a vida religiosa e de educar à vida religiosa.
De fato, hoje é difícil até mesmo falar de uma nova forma e de re-forma da vida consagrada porque os cenários socio-culturais são extremamente fragmentados e não tem eles mesmos forma.
Esta condição provoca também a uma benéfica passagem. Toma-se consciência de que é necessário educar-nos (na formação permanente) e educar (na formação inicial) à experiência espiritual essencial do seguimento de Jesus e às atitudes interiores do carisma sem poder confiar muito em formas e formação recebidas e estáveis.
É uma razão a mais para concluir que hoje ou se é "místicos" ou se perde identidade, significatividade até o colapso vocacional pessoal e também institucional.
Crise? Claro que sim. Mas crise Pascal.
Pe. Flavio Peloso.  

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