Bangalore, 30 de julho de 2009.
Já se completam cinco meses de minha presença na Índia e creio já ser tempo de um breve relato de minha experiência aos confrades do Brasil. Se não o fiz antes, explico, não foi por falta de tempo, mas sim por achar mais conveniente uma maior experiência que me possibilitasse conhecer com mais profundidade e respeito a cultura e a realidade do povo indiano. Foram cinco meses de desafios, de mudanças e muito aprendizado que, uma vez acrescentados à minha própria essência, quero partilhar com vocês. E tentarei não ser prolixo.
A realidade da Congregação na Índia já foi por mim relatada em minha primeira comunicação. Mas retomo alguns pontos. Temos um seminário menor com mais de 30 seminaristas e anexo a ele um centro que acolhe crianças carentes no período da tarde e um projeto de artesanato para as mães na parte da manhã. No dia 16 de maio foi inaugurado o Seminário de Filosofia e Teologia que hoje acolhe 7 junioristas, sendo 5 na filosofia e 2 na teologia. E isso é tudo, até o momento.
Nos meus primeiros meses morei no Seminário Menor “Maria Sadan”, onde dentre outras coisas, me dediquei ao estudo de inglês. Estudei numa escola a 25 minutos de ônibus daqui e tive o apoio dos confrades nos estudos em casa. Os desafios nestes primeiros momentos, além da língua, é claro, foram o fuso horário, o clima e principalmente a comida. A comida indiana é absolutamente apimentada e tudo é feito a base de arroz, que eles comem até no café da manhã. Mas me alegro em dizer que já consigo me alimentar bem e já dispensei os tantos copos de Center água que tomava durante as refeições.
Uma das coisas que me fascina na Índia é a variedade de culturas. É impressionante as diferenças entre as regiões, os estados e até mesmo aqui em Bangalore. Andando pela cidade você pode se sentir em um grande centro comercial como São Paulo, ou em Curitiba ao caminhar por seus belíssimos parques; em bairros muçulmanos onde as suntuosas mesquitas nos transportam para algum lugar do Oriente médio e evidentemente, bairros pobres ou até mesmo de classe média onde o trânsito pesado é dificultado sobretudo por ovelhas, vacas, cabritos e gente, muita gente. Por todo lado se vêem também novos prédios sendo construídos; shoppings gigantescos surgem em movimentas avenidas repletas de belos carros e centenas de milhares de motos, que são o meio de transporte favorito dos indianos.
Porém nada é mais incrível que a variedade de línguas. Nos nossos seminários as dificuldades implicadas a esta realidade não são poucas. Entre nossos seminaristas se falam pelo menos 6 línguas fora o inglês: kannada, malayalam, telugu, urdu, hindi e tamil. Ao chegarem novos seminaristas este ano, oriundos de várias partes da Índia, um simples recado sobre o horário das refeições, por exemplo, precisava ser traduzido para as 6 citadas línguas. Os desafios da formação por aqui, como se vê, não são poucos.
Após estes primeiros meses vivendo em Maria Sadan, onde sempre contei com o apoio e a amizade dos brasileiros cl. Laercio e Dc. Edson e do argentino pe. Mariano, fui encaminhado para meu trabalho definitivo: o noviciado. Desde que a nossa missão começou aqui na Índia, o noviciado sempre funcionou de uma forma um tanto precária. A princípio, junto ao seminário dos guanelianos. Depois, em prédios alugados e neste ano, junto aos filósofos e teólogos. Entretanto, sempre houve o desejo de transferi-lo para uma casa própria como recomenda nossas constituições. E eis que agora as circunstâncias favoreceram este propósito. A congregação dispõe de uma casa que nos foi doada por benfeitores em uma ilha, na cidade de Kollan, estado de Kerala. E para lá, pe. Oreste Ferrari, italiano, os 4 noviços indianos, cl. Gregory – que chegará da Polônia em meados de agosto – e eu nos mudaremos no dia 22 de agosto. Serão 12 horas de trem de Bangalore até Kollan.
Lá os desafios serão outros tantos. Outra língua, outros costumes e outro clima. A casa, apesar de antiga, será ideal para nos acolher e vem passando por algumas reformas desde o começo do ano. A ilha tem um tamanho médio, o suficiente para os 9 búfalos que lá se criam e os mais de 200 coqueiros que compõem a bela paisagem. Será mais um começo nesta minha ainda breve experiência missionária. Estou entusiasmado e esperançoso com a vida lá. Será uma boa experiência de pobreza, desapego e entrega total. Talvez a minha primeira experiência genuína da Divina Providência nestes cinco anos de Congregação. E esta será a terceira comunidade orionita da Índia e a primeira fora de Bangalore.
E apesar de ter encontrado aqui na Índia, entre os confrades, um espírito de família que me sustêm e anima, sinto uma grande saudade do Brasil, dos confrades e da minha família. Mas Deus tem me dado força suficiente para enfrentar cada desafio. E aproveito para agradecer a todos que com suas orações e apoio fraterno tem me ajudado a não perder o ânimo e continuar trabalhando com empenho.
Fraternalmente
Cl. Clayton Munhoz, orionita.
Já se completam cinco meses de minha presença na Índia e creio já ser tempo de um breve relato de minha experiência aos confrades do Brasil. Se não o fiz antes, explico, não foi por falta de tempo, mas sim por achar mais conveniente uma maior experiência que me possibilitasse conhecer com mais profundidade e respeito a cultura e a realidade do povo indiano. Foram cinco meses de desafios, de mudanças e muito aprendizado que, uma vez acrescentados à minha própria essência, quero partilhar com vocês. E tentarei não ser prolixo.
A realidade da Congregação na Índia já foi por mim relatada em minha primeira comunicação. Mas retomo alguns pontos. Temos um seminário menor com mais de 30 seminaristas e anexo a ele um centro que acolhe crianças carentes no período da tarde e um projeto de artesanato para as mães na parte da manhã. No dia 16 de maio foi inaugurado o Seminário de Filosofia e Teologia que hoje acolhe 7 junioristas, sendo 5 na filosofia e 2 na teologia. E isso é tudo, até o momento.
Nos meus primeiros meses morei no Seminário Menor “Maria Sadan”, onde dentre outras coisas, me dediquei ao estudo de inglês. Estudei numa escola a 25 minutos de ônibus daqui e tive o apoio dos confrades nos estudos em casa. Os desafios nestes primeiros momentos, além da língua, é claro, foram o fuso horário, o clima e principalmente a comida. A comida indiana é absolutamente apimentada e tudo é feito a base de arroz, que eles comem até no café da manhã. Mas me alegro em dizer que já consigo me alimentar bem e já dispensei os tantos copos de Center água que tomava durante as refeições.
Uma das coisas que me fascina na Índia é a variedade de culturas. É impressionante as diferenças entre as regiões, os estados e até mesmo aqui em Bangalore. Andando pela cidade você pode se sentir em um grande centro comercial como São Paulo, ou em Curitiba ao caminhar por seus belíssimos parques; em bairros muçulmanos onde as suntuosas mesquitas nos transportam para algum lugar do Oriente médio e evidentemente, bairros pobres ou até mesmo de classe média onde o trânsito pesado é dificultado sobretudo por ovelhas, vacas, cabritos e gente, muita gente. Por todo lado se vêem também novos prédios sendo construídos; shoppings gigantescos surgem em movimentas avenidas repletas de belos carros e centenas de milhares de motos, que são o meio de transporte favorito dos indianos.
Porém nada é mais incrível que a variedade de línguas. Nos nossos seminários as dificuldades implicadas a esta realidade não são poucas. Entre nossos seminaristas se falam pelo menos 6 línguas fora o inglês: kannada, malayalam, telugu, urdu, hindi e tamil. Ao chegarem novos seminaristas este ano, oriundos de várias partes da Índia, um simples recado sobre o horário das refeições, por exemplo, precisava ser traduzido para as 6 citadas línguas. Os desafios da formação por aqui, como se vê, não são poucos.
Após estes primeiros meses vivendo em Maria Sadan, onde sempre contei com o apoio e a amizade dos brasileiros cl. Laercio e Dc. Edson e do argentino pe. Mariano, fui encaminhado para meu trabalho definitivo: o noviciado. Desde que a nossa missão começou aqui na Índia, o noviciado sempre funcionou de uma forma um tanto precária. A princípio, junto ao seminário dos guanelianos. Depois, em prédios alugados e neste ano, junto aos filósofos e teólogos. Entretanto, sempre houve o desejo de transferi-lo para uma casa própria como recomenda nossas constituições. E eis que agora as circunstâncias favoreceram este propósito. A congregação dispõe de uma casa que nos foi doada por benfeitores em uma ilha, na cidade de Kollan, estado de Kerala. E para lá, pe. Oreste Ferrari, italiano, os 4 noviços indianos, cl. Gregory – que chegará da Polônia em meados de agosto – e eu nos mudaremos no dia 22 de agosto. Serão 12 horas de trem de Bangalore até Kollan.
Lá os desafios serão outros tantos. Outra língua, outros costumes e outro clima. A casa, apesar de antiga, será ideal para nos acolher e vem passando por algumas reformas desde o começo do ano. A ilha tem um tamanho médio, o suficiente para os 9 búfalos que lá se criam e os mais de 200 coqueiros que compõem a bela paisagem. Será mais um começo nesta minha ainda breve experiência missionária. Estou entusiasmado e esperançoso com a vida lá. Será uma boa experiência de pobreza, desapego e entrega total. Talvez a minha primeira experiência genuína da Divina Providência nestes cinco anos de Congregação. E esta será a terceira comunidade orionita da Índia e a primeira fora de Bangalore.
E apesar de ter encontrado aqui na Índia, entre os confrades, um espírito de família que me sustêm e anima, sinto uma grande saudade do Brasil, dos confrades e da minha família. Mas Deus tem me dado força suficiente para enfrentar cada desafio. E aproveito para agradecer a todos que com suas orações e apoio fraterno tem me ajudado a não perder o ânimo e continuar trabalhando com empenho.
Fraternalmente
Cl. Clayton Munhoz, orionita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário